terça-feira, 4 de maio de 2010

A arte de ser mãe

Estamos as vésperas do dia das mães que se comemorará este ano, no dia 09 de Maio. É muito interessante a forma como esta data é trabalhada comercialmente, quando todos falam da importância do carinho, do contato, da dedicação das mães aos seus filhos, da resignação de seus desejos, sonhos e muitas vezes também da profissão em prol da saúde, desenvolvimento e sucesso dos filhos.

O que é a mais pura verdade, mas acredito que nenhum comercial consegue ainda mostrar a dimensão da importância desse papel na vida dos filhos, e não só dos filhos, mas da sociedade de um modo geral.

O papel da mãe na vida de uma criança eu diria que é vital, não só para garantir sua saúde e bem estar físico, no que diz respeito a higiene, alimentação e cuidados básicos necessários, mas também para a sua vida psiquica.

Diversos teóricos trabalharam e desenvolveram pesquisas e materiais que apresentam claramente a importância da função materna. Trago aqui um material descrito com base na Teoria Winnicottiana, que acredito traduzir a dimensão desta importância.

Em condições normais que incluem a saúde física do bebê e da mãe, após um parto não traumático, uma amamentação tranqüila e pouca ou nenhuma interferência de situações estressantes, instala-se um estado de “preocupação materna primária” que dissipa-se após algumas semanas de intensa adaptação às necessidades do recém–nascido. Numa relação saudável que ocorre entre a mãe e o bebê, surgem e se estabelecem os fundamentos da constituição do ser enquanto indivíduo e do desenvolvimento emocional-afetivo do bebê.

Teoricamente falando, a capacidade da mãe em se identificar com seu filho permite-lhe satisfazer a função sintetizada por Winnicott na expressão holding. Ela é a base para o que gradativamente se transforma em um ser que experimenta a si mesmo. A função do holding em termos psicológicos é fornecer apoio egóico, em particular na fase de dependência absoluta antes do aparecimento da integração do ego - na qual o bebê passa a se perceber que é um ser separado da mãe. O holding inclui principalmente o segurar fisicamente o bebê, que é uma forma de amar; contudo, também se amplia a ponto de incluir a provisão ambiental total anterior ao conceito de viver com, isto é, da emergência do bebê como uma pessoa separada que se relaciona com outras pessoas separadas dele.

Do ponto de vista winnicottiano, é fundamental para a constituição do "self" o modo como a mãe coloca o bebê no colo e o carrega dando a continuidade entre o inato, a realidade psíquica e um esquema corporal pessoal.

O holding é necessário desde a dependência absoluta até a autonomia do bebê, ou seja, quando os espaços psíquicos entre este e sua mãe já estão perfeitamente distintos.

Quando o indivíduo se desenvolve em um ambiente adequado, seguro o qual se sentiu amado, amparado e principalmente constituido como ser, possivelmente, durante todo o seu desenvolvimento este indivíduo terá subsídios suficientes para lidar com suas angústias, necessidades, medos, inseguranças que são inerentes ao ser humano, tendo em vista que de alguma forma nos primórdios da sua vida isso foi sustentado.

Nos dias de hoje, pode parecer impossível darmos conta de tudo isso, tendo em vista que o contexto do "SER MÂE" é muito diferente de antigamente, no entanto, muitas mães hoje que trabalham e tem filhos provavelmente são filhas de mães que também trabalhavam e tinham filhos e acabam "tirando de letra" ou melhor, dando conta todas as dificuldades que a SONHADA MATERNIDADE pode apresentar.

QUERO DESEJAR A TODAS AS MAMÃES UM FELIZ DIA DAS MÃES!

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